Santo do Dia

Santa Maria Josefa do Coração de Jesus: Fundadora e Guardiã dos Enfermos

Santa Maria Josefa do Coração de Jesus foi uma mulher de inabalável e grande sensibilidade social, cuja trajetória de vida refletiu um profundo compromisso com a caridade e o serviço aos enfermos. Como fundadora do Instituto das Servas de Jesus da Caridade, sua espiritualidade e missão continuam a inspirar gerações. Neste artigo, exploramos sua biografia, o carisma de sua congregação e seu impacto na história da Igreja.

Origens e Formação Religiosa

Maria Josefa Sancho de Guerra nasceu em 7 de setembro de 1842, na cidade de Vitória, na Espanha. Filha primogênita de Barnabé Sancho, um serralheiro, e Petra de Guerra, uma dona de casa, teve uma infância marcada por dificuldades. Seu pai faleceu prematuramente, e sua mãe, de profunda fé católica, assumiu sozinha sua educação. Foi ela quem a preparou para a primeira comunhão, que Maria Josefa recebeu aos dez anos.

Ainda jovem, mudou-se para Madri, onde completou sua formação na casa de parentes. Desde cedo, demonstrava forte devoção à Eucaristia e a Nossa Senhora, além de um profundo senso de compaixão pelos pobres e enfermos. Essas experiências moldaram sua vocação e despertaram nela um desejo ardente pela vida religiosa.

O Chamado à Vida Consagrada

Aos dezoito anos, Maria Josefa retornou a Vitória e revelou à mãe seu desejo de ingressar em um mosteiro. Seu coração inclinava-se para a vida de clausura. Mais tarde, refletindo sobre essa fase, afirmaria com convicção: “Nasci com a vocação religiosa.”

Seu desejo levou-a a ingressar no Instituto Servas de Maria, uma jovem congregação fundada em Madri por Madre Soledade Torres Acosta, dedicada ao atendimento dos enfermos. No entanto, ao aproximar-se dos votos perpétuos, começou a vivenciar dúvidas vocacionais. Compartilhou suas angústias com diversos confessores e chegou a questionar se havia cometido um engano ao escolher essa ordem.

Nessa fase de incerteza, o contato com o então arcebispo de Saragoça, Santo Antônio Maria Claret, e os conselhos serenos de Madre Soledade foram cruciais para que discernisse um novo caminho. Seu coração indicava uma necessidade: fundar uma nova congregação, que levasse assistência espiritual e material aos enfermos não apenas nos hospitais, mas também em suas casas.

Fundação do Instituto das Servas de Jesus

Em 1871, aos vinte e nove anos, Maria Josefa fundou o Instituto das Servas de Jesus da Caridade, na cidade de Bilbao. O carisma da nova congregação consistia em unir a contemplação com o serviço ativo aos doentes, especialmente os mais pobres e desamparados.

As Servas de Jesus rapidamente cresceram em número e em reconhecimento. Com a expansão da obra, Maria Josefa tornou-se a superiora-geral, função que desempenhou durante 41 anos, apesar dos desafios e da saúde debilitada.

A Enfermidade e a Perseverança

A vida de Santa Maria Josefa foi marcada por um longo período de doença e sofrimento, que a debilitou progressivamente. Durante anos, permaneceu entre o leito e uma poltrona, mas nunca deixou de exercer sua missão. Por meio de uma intensa correspondência epistolar, manteve o governo de sua congregação e fortaleceu suas bases espirituais e organizacionais.

Mesmo na enfermidade, ensinava suas religiosas que o cuidado com os doentes não era apenas um serviço humanitário, mas uma autêntica vocação cristã, enraizada no Evangelho. Seu testemunho de paciência e entrega tornou-se um legado para todas as Servas de Jesus.

O Reconhecimento e a Canonização

Maria Josefa faleceu em 20 de março de 1912, sendo profundamente lamentada por sua congregação e pela comunidade cristã. No momento de sua morte, o instituto já contava com milhares de religiosas distribuídas por quarenta e três casas.

Seu funeral foi um evento de grande comoção em Bilbao, e seus restos mortais foram trasladados para a Casa-Mãe da congregação. Em 1951, foi iniciado seu processo de canonização. O reconhecimento de sua virtude heroica levou à sua beatificação pelo Papa João Paulo II, em 1992, e, posteriormente, à sua canonização, em 1º de outubro de 2000, em Roma.

O Carisma das Servas de Jesus

A espiritualidade de Santa Maria Josefa pode ser sintetizada em três pilares fundamentais:

Amor à Eucaristia e ao Sagrado Coração de Jesus;

Adoração ao mistério da Redenção e união ao sofrimento de Cristo;

Serviço aos doentes como expressão concreta da caridade cristã.

O Diretório da congregação resume esse carisma com as palavras de São Tomás de Aquino, que ensina que o serviço ao próximo, especialmente no cuidado aos doentes, pode elevar a vida ativa à mesma dignidade da contemplação.

Atualmente, as Servas de Jesus continuam seu trabalho ao redor do mundo. Suas obras incluem:

Hospitais e casas de saúde para enfermos e idosos;

Apoio a doentes terminais e suas famílias;

Pastoral da saúde e assistência social em diversos contextos.

O Instituto mantém-se fiel ao espírito de sua fundadora, promovendo o cuidado integral dos enfermos, tanto físico quanto espiritual.

Devoção e Oração

A devoção a Santa Maria Josefa cresceu ao longo das décadas, sendo reconhecida como padroeira dos doentes e dos cuidadores. Muitas pessoas recorrem à sua intercessão em tempos de enfermidade, buscando força e perseverança na fé.

Oração a Santa Maria Josefa

Deus onipotente, que concedestes grande santidade à vossa serva Santa Maria Josefa, concedei-nos a graça que humildemente vos pedimos, sobretudo a força para perseverar no amor de vosso Filho. Que vive e reina para sempre. Amém.

Além disso, sua intercessão é frequentemente invocada para obter:

A cura dos enfermos;

Força e ânimo para os cuidadores;

Uma morte santa e cristã.

Deixe um comentário